a ideia é rápida mas soma

17/12/2013 23:00

 

 

O meu primeiro contato com o Criolo foi nas festas (nas quais que, digo de passagem, quando alguém pede toca Raul, é sério). Era uma música que eu já tinha escutado e que o ritmo continuava a me acompanhar por dias. Quando finalmente uma palavra – “Bogotá” – se juntou ao ritmo, não foi muito difícil achar a música no Google. Difícil foi acreditar que eu nunca tinha ouvido falar do Criolo, cujas músicas, aparentemente, eu conhecia quase todas, superficialmente.

Descobri também, que o artista e seu segundo álbum, “Nó na orelha” foram muito bem reconhecidos, ganhando prêmios, visibilidade internacional e ficando conhecidos de vez em 2011. Particularmente, (tirando o fato de que eu passei despercebida por isso tudo), não fez   muita diferença na hora em que eu fui escutar o álbum. Foi uma experiência que a muito tempo eu não vivia com tanta intensidade – levar um tapa na cara. Alguns, na verdade.

Eu não compartilho da realidade apresentada por “Bogotá”, por isso, só posso dizer o quão interessante é o contraponto feito pelo ritmo animado e esperançoso da música (melodia + letra) com a tal realidade. Contraponto parecido com o que ocorre em “Não existe amor em SP”, com sua melodia convidativa (e cheia de amor para dar) que eu adorava, até que eu finalmente captei o que era a letra. Era simplesmente brilhante, falar da faceta mais cruel e honesta da nossa realidade de forma tão doce.

No entanto, a música mais interessante e importante do álbum, na minha opinião, é “Sucrilhos”. É todo um recado bem dado, essa música – muito mais direta que as outras duas. Fala diretamente da hipocrisia que eu observo e pratico no meu relacionamento com a identidade cultural brasileira (afinal, quanto sentido faz eu me emocionar com o rap “Eu só quero é ser feliz”?). É fundamental a verdade que a música do Criolo traz para nós. De alguma forma ele toca nos nossos calos de forma inteligente, justa e factual – bota em palavras e melodia o que atualmente é uma crise dessa identidade cultural brasileira, formada por tantas realidades que confunde a todos nós.

Mas ele explica: “Eu tenho orgulho da minha cor, do meu cabelo e do meu nariz. Sou assim e sou feliz. Índio, caboclo, cafuso, criolo. Sou brasileiro.”

Segue o vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=qV012LaRnEA

por Letizia Trannin